sexta-feira, 27 de junho de 2014

O que a pesca artesanal significa para você? Homenagem da ANP ao Dia do Pescador e da Pescadora Artesanal

Para homenagear o Dia do Pescador e da Pescadora Artesanal, 29 de junho, integrantes da Articulação Nacional das Pescadoras (ANP), vindas de diversos estados do país, reuniram-se em um vídeo para dizer o que a pesca significa para elas, o que é ser pescadora artesanal. Se emocione com essas mulheres fortes e de luta.

Clique na imagem link para assistir o vídeo.

https://www.youtube.com/watch?v=LQvc2bB3X8U&feature=youtu.be

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Dia do Pescador e da Pescadora Artesanal – Entrevista com Nego da Pesca

Por assessoria de comunicação do CPP Nacional 

Na semana que antecede o Dia do Pescador e da Pescadora Artesanal, 29 de junho, trouxemos uma entrevista especial com o pescador do município de Serra, no estado do Espírito Santo, Manoel Bueno dos Santos, conhecido como Nego da Pesca. A beleza de ser pescador é retratada por Nego assim como as diversas ameaças pelas quais as comunidades pesqueiras de todo Brasil estão passando. O pescador ainda reafirma a importância da Campanha Nacional pela Regularização do Território das Comunidades Tradicionais Pesqueiras, e lembra que essa é uma importante ferramenta para a preservação do modo de vida desses grupos tão importantes para a sociedade. Confira a entrevista.

foto nego
Ascom: Quando você começou a pescar? Imagina-se fazendo outra atividade que não essa? 
Nego da Pesca: Comecei a pescar em 1984, com companheiros da pesca, em Jacaraipe, no município de Serra-ES. Não me vejo longe da pesca, não me vejo em outra atividade.

Ascom: Durante o trabalho com a pesca, o que mais lhe encanta e proporciona prazer?
Nego da Pesca: Bem, sempre fiz a pesca em mar aberto, com meus companheiros. E o que mais me encanta nisso é a união dos pescadores. Quando vamos pescar, vão cinco pescadores em uma embarcação com espaço de 20m², durante quinze a vinte dias, e depois de todo esse tempo chegamos em terra alegres e satisfeitos, felizes mesmo. Às vezes nós vemos as pessoas vivendo com todo conforto, mas insatisfeitas, nós não, nossa união nos da motivação e alegria para pescar. E essa alegria vem justamente da solidariedade dos companheiros, além de ter a certeza de trazer uma alimentação saudável para mesa dos brasileiros.

Ascom: O que você costuma pescar?  
Nego da Pesca: Dourado, Cação, Badejo, Cioba, Papa-terra, Garoupa, Baiacu, Dentão, Peroa, entre outras. 

Ascom: Quando consumimos o pescado vindo da pesca artesanal dizemos que esse é de qualidade. A que você atribui isso?
Nego da Pesca: Primeiro a Deus, por nos proporcionar esse meio ambiente com a diversidade de espécies de peixe que é a alimentação mais saudável, e aos heroicos pescadores que enfrentam o mar revolto, temporais e muita das vezes a solidão no mar, para trazer esse excelente alimento. E também porque não desrespeitamos o meio ambiente, o alimento é tirado sem prejudicar onde vivemos.

Ascom: Qual a quantidade de pescado que a pesca artesanal fornece ao mercado brasileiro? 
Nego da Pesca: 70% do peixe capturado no Brasil vêm da pesca Artesanal, segundo as pesquisas realizadas.

Ascom: Quais dificuldades você enfrenta hoje para pescar?
Nego da Pesca: A falta de políticas públicas para o desenvolvimento e preservação da pesca artesanal; perda de espaço para empresas petrolíferas, portos, estaleiros, gasodutos, minerodutos, pesquisas sísmicas, termoelétricas, poluição e as unidades de conservação. Ou seja, violação do território pesqueiro, as ameaças ao nosso território pesqueiro são nossas dificuldades.

Ascom: Você faz parte do Movimento de Pescadores e Pescadoras. Como é a ação do movimento frente a essas ameaças?
Nego da Pesca: A ação do movimento significa mobilizar e conscientizar o maior número de pessoas, não só da pesca, mas de toda a sociedade, para defender a garantia do território pesqueiro. Através de encontros estaduais, regionais e nacionais, tiramos as ações para nos organizarmos nas bases e atuarmos junto ao Poder Público, Ministério da Pesca, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Superintendência de Patrimônio da União, Ministério da Previdência Social, Secretaria da Presidência da República de Direitos Humanos, e a Sociedade Civil Organizada.

Ascom: Em relação  ao Ministério específico para a pesca, como você se sente em relação a ele? 
Nego da Pesca: Apesar de ter sido uma reivindicação dos pescadores artesanais, o Ministério da Pesca infelizmente não vem nos representado como deveria. Ele faz muitas ações que não nos considera.

Ascom: Percebemos essa ação do Estado brasileiro com diversos povos tradicionais, são políticas para invisibilizar essas populações. Quilombolas, povos indígenas, vazanteiros, pescadores e toda a diversidade de povos que existem no país são negados. Como o MPP está articulado com esses grupos? 
Nego da Pesca: Através de encontros para debater e expor as dificuldades de cada grupo, O MPP vem se articulando junto com as populações tradicionais. Nesses encontros, vemos como agir de forma conjunta para fortalecer as ações junto ao poder público. Pensamos em estratégias de resistência conjunta.

Ascom: Há um desrespeito por parte das grandes corporações e do Estado, especialmente da bancada ruralista, em relação à constituição brasileira. Como isso atinge as comunidades pesqueiras? 
Nego da Pesca: Impedindo o nosso acesso aos rios e lagoas, privatizam esses espaços, e reduzindo a área que temos para pescar, o que diminui o número de pescado, e enfraquece a sustentabilidade do setor pesqueiro. Isso significa uma ameaça ao nosso modo de vida, logo as comunidades tradicionais que tanto contribuem para a sociedade.

 Ascom: O território é a casa do pescador, o que ele significa para você?
Nego da Pesca: Sustentabilidade, condições de dignidade para família e a garantia da preservação da cultura do pescador.

Ascom: Qual a importância de se garantir o território da pesca artesanal? 
Nego da Pesca: A certeza que iremos continuar trabalhando, e que serão respeitados os nossos direitos e o cumprindo com nossos deveres.

Ascom: Estamos acompanhando as atividades da Campanha Nacional pela Regularização do Território das Comunidades Tradicionais Pesqueiras. Por que essa estratégia é tão importante para a causa de pescadores e pescadoras artesanais? 
Nego da Pesca: Essa estratégia é de extrema importância, pois ela propõe um projeto de lei de iniciativa popular que envolve toda a sociedade. Esse projeto busca que o Estado brasileiro reconheça oficialmente o distrito das comunidades tradicionais pesqueiras e dê as condições necessárias para que as comunidades continuem existindo de acordo com seus modos de ser, criar e fazer.

Ascom: Próximo domingo, 29, comemora-se o Dia do Pescador e da Pescadora Artesanal, pois é dia de São Pedro, padroeiro das comunidades pesqueiras do Brasil. Como sua comunidade passa esse momento? 
Nego da Pesca: Temos atividades culturais, como o Congo que acontece todo dia 29 de junho. Nesse mesmo dia, temos a puxada do barco, da praia ate a Igreja da comunidade, nela fincamos o Mastro em homenagem a São Pedro.

Ascom: Quais considerações finais?
 Nego da Pesca: Considero de extrema importância a ação do MPP, com apoio do CPP, para difundir, unir e fortalecer o movimento nos 27 estados do Brasil. Com isso, conseguiremos intensificar a mobilização para forçar os governantes a assegurar a nossa permanência nos territórios tradicionais.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Países reconhecem o papel vital da pesca artesanal

Do site da Adital

Os países membros da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) aprovaram recentemente uma série de diretrizes de amplo alcance que impulsionarão o papel já vital dos pescadores artesanais na contribuição à segurança alimentar mundial, à nutrição e à erradicação da pobreza. As “Diretrizes Voluntárias para garantir a pesca sustentável em pequena escala no contexto da segurança alimentar e da erradicação da pobreza” estão desenhadas para apoiar milhões de pescadores artesanais do mundo, em particular nos países em desenvolvimento, promovendo seus direitos humanos e salvaguardando um uso sustentável dos recursos pesqueiros, dos quais dependem para sua subsistência.

A pesca artesanal representa mais de 90 por cento da pesca de captura do mundo e dos trabalhadores do setor pesqueiro – cerca da metade dos quais são mulheres – e fornece ao redor de 50 por cento das capturas mundiais de peixes. É uma valiosa fonte de proteína animal para bilhões de pessoas em todo o mundo e, frequentemente, sustenta as economias locais nas comunidades costeiras e nas que vivem nas margens de lagos e rios.

Mas apesar da sua importância, muitas comunidades de pescadores artesanais continuam sendo marginalizadas. Frequentemente, se encontram em zonas remotas com acesso limitado aos mercados e aos serviços sanitários, de educação e outros serviços sociais. Os pescadores em pequena escala podem ter dificuldades para fazer ouvir sua voz.

Os pescadores artesanais e os trabalhadores do setor pesqueiro enfrentam uma série de desafios, desde condições de trabalho inseguras e insalubres e a falta de infraestruturas para enfrentar a contaminação, a degradação ambiental, a mudança climática e os desastres que ameaçam os recursos dos quais dependem para sua subsistência. Também podem sofrer devido às lutas de poder em condições desiguais e sistemas de propriedade inseguros dos recursos da terra e da pesca.

As Diretrizes Voluntárias aprovadas têm, portanto, caráter amplo, e vão desde medidas para melhorar os sistemas de governança da pesca e as condições de trabalho e de vida a recomendações sobre como os países podem ajudar os pescadores artesanais e os trabalhadores do setor pesqueiro a reduzir as perdas e o desperdício pós-colheita de alimentos.

“Essas diretrizes representam um enorme avanço. São uma ferramenta importante que promoverá a implementação de políticas nacionais que ajudem os pescadores artesanais a prosperar, a desempenhar um papel ainda mais importante em garantir a segurança alimentar, promover uma nutrição adequada e erradicar a pobreza. A FAO se compromete a ajudar os países a aplicar essas diretrizes”, salienta o diretor geral da FAO, José Graziano da Silva.

Instrumento único em seu gênero

Como primeiro instrumento internacional dedicado inteiramente à pesca em pequena escala, as diretrizes pedem coerência nas políticas para assegurar que a pesca em pequena escala possa contribuir plenamente para a segurança alimentar, a nutrição e a erradicação da pobreza.

Em particular, destacam a importância de respeitar e realizar os direitos humanos e a dignidade, e a necessidade de igualdade de gênero em todo o subsetor, ao mesmo tempo em que insta os países a garantir que os pescadores artesanais sejam representados nos processos de tomada de decisões que afetem seus meios de vida.

As novas Diretrizes complementam os instrumentos internacionais vigentes, como o Código de Conduta para a Pesca Responsável da FAO (1995) e as Diretrizes voluntárias sobre a governança responsável da propriedade da terra, da pesca e dos bosques, do Comitê de Segurança Alimentar Mundial (2012).

Com informações da FAO.
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Confira o  Pronunciamento da Sociedade Civil Mundial quando da aprovação das Diretrizes Internacionais para a Pesca de Pequena Escala durante o Comitê da Pesca da FAO (COFI) no dia 10.06.2014, clique aqui.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Rio São Francisco pede socorro. Revitalização urgente!

Por redação do blog Médio São Francisco 

O Rio São Francisco, também chamado de Opará, como era conhecido pelos indígenas antes da colonização, ou popularmente de Velho Chico, é um rio brasileiro que nasce na Serra da Canastra no estado de Minas Gerais, a aproximadamente 1200 metros de altitude, atravessa o Estado da Bahia, fazendo a divisa ao norte com Pernambuco, bem como constituindo a divisa natural dos estados de Sergipe e Alagoas. Por fim, deságua no Oceano Atlântico, drenando uma área de aproximadamente 641.000 km² e atingindo 2.830 km de extensão.

O Rio São Francisco atravessa regiões com condições naturais das mais diversas e tem cinco usinas hidroelétricas. O nosso rio da Integração Nacional, agoniza e se a tão sonhada REVITALIZAÇÃO não iniciar urgentemente, o pior poderá acontecer, o rio poderá morrer e esta morte visível do Rio São Francisco só não é observada pelos Políticos e Governos que foram criados para serem do povo e para o povo, mas protegem unicamente aos interesses empresariais e ao poder econômico. A destruição das matas ciliares, os diversos esgotos jogados no rio, a falta de amor de alguns ribeirinhos que introduzem extensas áreas de pastagens e culturas de subsistência nas margens e aplicação de agrotóxicos e a pesca e caça predatória, exterminando peixes e animais, uns por falta de conhecimento, e outros por interesse da ganancia pelo bem do capital, a exploração do carvão existentes ao longo do Cerrado desde Barreiras até Carinhanha (com notas frias de Barreiras e Vanderlei), tem sido fatores negativos que vem contribuindo com a destruição das águas do Velho Chico.

Um rio que há mais de quinhentos anos é fonte de vida e riqueza está morrendo aos poucos e os nobres políticos não movem uma palha para resolver a questão da devastação do Rio, e ao invés de executarem o projeto de revitalização, estão realizando a transposição das águas do Rio através de obras que não passam de obras eleitoreiras. Em Malhada, no sudoeste da Bahia, Carinhanha e Bom Jesus da Lapa, no oeste da Bahia, a situação é caótica, o rio nunca esteve tão seco como se encontra atualmente. O projeto de transposição foi executado em Malhada para o abastecimento de uma cidade com mais de 80 mil habitantes, a saber, Guanambi e nunca foi feito nada para manter e preservar a água do Velho Chico.

“Será que o velho Chico pode secar? Eu não pensei que fosse presenciar tamanho descaso com o nosso rio, há anos morando às margens direita (Malhada) ainda não havia visto algo parecido, nos últimos anos a situação tem se agravado bastante. O pior é não ver atitude relevante dos órgãos responsáveis – sim, sei que cada um pode fazer algo para contribuir com a recuperação – mas, nunca vi uma árvore sendo plantada além das que plantávamos no 21 de setembro no Rui Barbosa, o que eu quero enfatizar aqui é que não existe projeto sistemático de revitalização sendo realizado… Ai eu pensei: agora que vão fazer a transposição deve ser executado um grande projeto de revitalização das matas ciliares, que nada! Nenhuma árvore plantada! Apenas promessas eleitoreiras, “Ah, só vamos desviar 1% do rio” e de um em um porcento reduzido o rio segue cada vez mais lento em direção ao mar, interrompido várias vezes pelas grandes barragens ao longo do seu curso, os seus afluentes já não o encontram mais, todos interrompidos por pequenas barragens. Gostaria que não ocorresse o que aconteceu com um rio (Amu Dária) na Ásia Central, após tantos desvios ele já não chega mais ao mar, alguns anos depois o mar também não suportou e “secou” formando um grande deserto salino, já dizia Sá e Guarabira: dá no coração o medo de que o mar vire sertão”, publicou o malhadense Jonilson Carvalho em sua página do facebook.

“O Rio São Francisco “SANGRA”, assim como todo sangramento, se não cuidar, piora a saúde do” sujeito”, nesse momento, espero que os jovens, professores, assim como os pais que navegam nas redes sociais façam alguma coisa por aqui mesmo, pelo menos, quem sabe se o governo FEDERAL e os demais governos que integram este cansado e sofrido RIO possam se manifestar de alguma forma. Cada um de nós somos responsáveis pelo Rio são Francisco, assim como somos responsáveis pelos nossos filhos”, ressaltou o Vereador Fernando Azevedo de Serra do Ramalho. 

“Gente, vamos abraçar esta campanha, o rio esta morrendo, que tristeza, sem água não há sobrevivência. O rio está secando, quem não economiza e está pensando que é brincadeira e acha que festa é mais importante, olha o que esta acontecendo sem que ninguém divulgue ou faca ações sobre esta gravidade, estamos em estado de calamidade publica esta noticia nos interessa, mas ninguém divulga, porque meu Deus existe gente assim,
tem algumas pessoas que não acreditam nas escrituras sagradas, a água vai acabar”, ressaltou Márcio do Rio, morador de Serra do Ramalho.

Atenção Políticos da região! Rio São Francisco pede socorro. Está mais do que na hora de se reunirem para cobrar urgentemente a tão sonhada Revitalização do Rio São Francisco. 

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Oficinas da Campanha pelo Território Pesqueiro chegam à São Paulo

Entre 2 e 5 de junho, a Campanha Nacional pelo Território chegou ao estado de São Paulo através de oficinas sobre a ação e seu projeto de lei. As visitas contaram com a participação da secretária executiva do CPP Nacional, Mª José Pacheco, dos pescadores, Isac de Oliveira/RJ, e Mª Alice Borges/BA, e do integrante da associação de advogados da Bahia, Pedro Diamantino. Confira o relato da equipe sobre essa experiência.

A visita e oficina de aprofundamento sobre o projeto de Lei proposto pela Campanha pela Regularização do Território Pesqueiro teve início com a visita da equipe ao professor da Universidade de São Paulo (USP), Antônio Carlos Diegues. Foi uma conversa muito prazerosa e proveitosa na qual foram levantados momentos importantes da história da organização dos pescadores e das pescadoras no Brasil, bem como as preocupações que compartilhávamos diante do modelo de desenvolvimento e as políticas excludentes praticadas pelo Estado brasileiro. O professor Diegues externou grande preocupação em relação à criação das unidades de conservação integrais que estão expulsando e/ou restringido as atividades das comunidades tradicionais nos seus territórios, grande foco de conflitos com os pescadores no sul e sudeste do país.

Em seguida, partimos para o município de Iguape onde visitamos pescadores e pescadoras da praia da Jureia, na Barra do Ribeira. Na beira do Cais, o bate papo sobre a vida, as dificuldades, e as preocupações dos pescadores foram os principais temas da conversa. Durante a noite, fizemos uma oficina sobre a Campanha pelo Território Pesqueiro e seu projeto de Lei. A troca de experiência foi enriquecedora. Percebemos as lutas e o senso crítico dos pescadores e sua riqueza cultural. Os pescadores apontaram como principal desafio a barragem acima do rio que vem causando impactos na pesca e trazendo prejuízos às suas famílias, e as unidades de conservação integrais que tem ameaçado a atividade tradicional.

Seguimos na manhã seguinte para a cidade de Cananeia. Lá vimos uma realidade muito desafiadora envolvendo a pesca industrial, tanto do ponto de vista da degradação ambiental e falta de controle pelo Estado, como pelas violações de direitos que os trabalhadores da pesca industrial sofrem. Ouvimos situações de realidades similares ao trabalho escravo, na qual a precariedade de trabalho é gritante. Pela noite, realizamos outra oficina sobre a Campanha onde a mesma riqueza cultural e ambiental foi partilhada, além dos grandes desafios para as comunidades com tantas unidades de conservação, de integrais a sustentáveis.

A colônia de pescadores de Cananeia nos acolheu e no final da oficina ficou o compromisso de que os pescadores das comunidades, a colônia e os representantes de outras entidades assumiriam a campanha naquela região a partir daquele momento.

Concluímos o processo da Oficina em São Paulo  dizendo que foi uma experiência rica, desafiadora e que aponta a perspectiva de articulação com os pescadores e pescadoras do estado.

  


terça-feira, 10 de junho de 2014

Pescadoras participam de formação sobre saúde da mulher e do trabalhador (a)

Por assessoria de comunicação do CPP Nacional 

Pescadoras de todo Brasil se reúnem em Olinda 
A pescadora Josana Pinto veio da cidade de Óbidos, no Pará, para se juntar a outras 45 mulheres de comunidades pesqueiras de 12 estados do Brasil no Encontro da Articulação Nacional de Pescadoras (ANP), que acontece desde segunda, 09, no Centro de Formação Recanto do Pescador, em Olinda/PE. Com apoio do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o momento busca formar agentes multiplicadoras em participação na gestão do SUS e na saúde do trabalhador e da trabalhadora. “Acredito que todas nós vamos sair empoderadas para contribuir melhor para a saúde das trabalhadoras da pesca , em nossos estados, ” comenta Josana, que ficará até o último dia do Encontro, na sexta-feira, 13.

A formação aborda diversas instâncias sobre o SUS e a saúde ocupacional, especialmente no que tange as políticas públicas específicas para as mulheres e para o trabalho das pescadoras e das marisqueiras. Para contribuir com o processo, a ANP conta com a participação de profissionais da área, como a assistente social sanitarista e responsável pela política de saúde da população negra do Recife, Sony Maria. A assistente social vem abordando a questão da prevenção, atenção e direitos dentro da lógica e dos princípios do SUS, colocando em evidência, inclusive, as questões do preconceito racial. “As mulheres negras passam por situações mais dolorosas, o tratamento dado a elas é bastante precário, e isso vai contra os princípios do SUS, é preciso denunciar isso”, Sony.  

Os próximos dias de formação trarão para os debates e conhecimento a saúde do trabalhador e da trabalhadora dentro do contexto dos povos do campo, das florestas e das águas. O grupo ainda aprofundará a temática no que tange o trabalho da pesca artesanal e da mariscagem, abordando os riscos para doenças e acidentes nessas atividades. Relacionado a esse debate, as pescadoras tomarão conhecimento sobre os direitos previdenciários referentes às doenças de trabalho e os processos de prevenção, tratamento e reabilitação dessas enfermidades.  

Emponderar as pecadoras nesse processo significa fortalecer a luta por vida digna nas comunidades pesqueiras. As mulheres do encontro poderão levar para suas realidades informações sobre como lidar com as questões de saúde e garantir seus direitos nesse âmbito. Vinda de Salinas da Margarida, na Bahia, a pescadora Elionice Sacramento enxerga o momento com força e otimismo. “Essa formação é muito importante para nós, mulheres pescadoras. Está sendo um momento de trabalho muito rico, produtivo e emocionante”, comenta.

Articulação Nacional de Pescadoras no Brasil (ANP)

A ANP surgiu em 2006, na demanda que existia das mulheres da pesca artesanal se afirmarem como agentes protagonistas na busca por seus direitos. A articulação reúne 14 estados de todo Brasil e tem como principais pautas a saúde da mulher na atividade pesqueira, o combate à violência de gênero, a defesa do território pesqueiro e o fortalecimento da identidade das pescadoras artesanais.  

segunda-feira, 9 de junho de 2014

MPP e CESE visibilizam situação enfrentada em Ilha de Maré/Bahia

Por equipe da CESE
 
Ameaçadas pelo avanço de grandes empreendimentos e pela falta de políticas públicas, as comunidades pesqueiras de Ilha de Maré têm tido seus direitos violados. Com o objetivo de dar visibilidade a essa situação e cobrar medidas por parte do Go
verno, a CESE e o Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP) realizaram diversas ações, na semana do meio ambiente, em Salvador e na Ilha.

Barqueata

Na manhã do Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, pescadores e pescadoras realizaram uma “barqueata”, reunindo 25 barcos, que saíram da Praia de Botelho em direção ao Porto de Aratu, em protesto contra a poluição provocada por navios na Baía de Todos os Santos. A ação buscou chamar a atenção para os constantes acidentes ambientais provocados por navios no mar da região. O problema, além de afetar recursos naturais, também dificulta a sobrevivência de comunidades locais, que têm pesca e a mariscagem como principal fonte de renda. Veja Reportagem.

Audiência Pública e Ato no Pelourinho

Já na sexta, 6, cerca de 200 pessoas das comunidades pesqueiras de Ilha de Maré, Salinas das Margaridas e São Francisco do Paraguaçu vieram a Salvador para uma Audiência Pública convocada pelo MPP. A reunião, que aconteceu no prédio anexo da Câmara de Vereadores, reuniões parlamentares da Comissão de Reparação e Secretarias do Estado.
Após a audiência, pescadores e pescadoras encaminharam-se para frente do Palácio da Aclamação, onde o governador estava presente. Após um emocionante desabafo sobre a omissão do governo frente a situação enfrentada na ilha, cantaram, em uníssono, o Hino da Campanha. Em seguida, uma faixa gigante foi estendida ao lado do Elevador Lacerda, para que turistas e baianos pudessem ler: “Em Defesa dos Territórios Pesqueiros”.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Na Bahia, comunidade pesqueira quilombola de Santiago do Iguape realiza mês de mutirão para a Campanha pelo Território Pesqueiro

Por MPP/Bahia

Com muita organização e alegria, a Comunidade Pesqueira Quilombola de Santiago do Iguape, em Cachoeira/BA, escolheu o mês de junho para sair às ruas coletando assinaturas  e afirmando seu engajamento com a Campanha Nacional pela Regularização do Território das Comunidades Tradicionais Pesqueiras. 

O dia 04 marcou o início do mutirão e contou com a presença de lideranças do Movimento de Pescadores e Pescadoras (MPP) de outras comunidades.  “Além da coleta de assinaturas, temos a tarefa de mobilizar a comunidade em torno do tema da Campanha, para isso contamos com o apoio da escola local e da rádio comunitária”, afirma uma das lideranças. 

Utilizando a metodologia “corpo a corpo” ou “de casa em casa”, em apenas um dia de mutirão foram coletadas 500 assinaturas, o que corresponde a aproximadamente 30% do eleitorado local. A expectativa é que até o final do mês sejam coletados as assinaturas de todos os moradores da localidade.

Outro aspecto relevante da experiência foi a participação das lideranças de outras comunidades no sentido de animar as lideranças locais e a troca de saberes referente ao conteúdo da campanha.

terça-feira, 3 de junho de 2014

“Hoje a Baía de Guanabara vive um apartheid . Somos criminalizados, nos tiram o direito de ir e vir” - Entrevista com Alexandre Anderson


Alexandre Anderson: liderança do movimento de resistência

Na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro, os impactos trazidos pela Petrobras vão desde a propagação desenfreada  do desequilíbrio ambiental até a perseguição de pescadores e pescadoras que lutam pelo seu território e pela manutenção de seu modo de vida através da conservação do meio ambiente. Em entrevista concedida à Revista IDeAS, o pescador artesanal e liderança da região, Alexandre Anderson, fala sobre a luta e resistência das comunidades do entorno e denuncia as irregularidades que envolvem diversas ações da Petrobras em um processo que pode ser traduzido como um verdadeiro apartheid social. “Hoje a baía de Guanabara vive um apartheid. Somos criminalizados, nos tiram o direito de ir e vir.” – Alexandre 

Para conferir a entrevista, clique aqui