Primeiro dia é marcado por debates, dados alarmantes e uma grande mobilização, o evento reúne pescadores e pescadoras de todo o Brasil para exigir justiça climática, soberania alimentar e políticas públicas para a pesca artesanal
Por: Henrique CavalheiroFoto: Ademas da Costa |
O 1º dia do evento foi marcado por uma acolhida calorosa e uma mística de abertura coordenada pela pescadora Ana Ilda e pelo pescador Florivaldo, fortalecendo o espírito de luta coletiva. Durante a tarde, foram apresentados os principais informes e pontos da programação. O dia também contou com o lançamento de dados preliminares do Relatório de Conflitos Socioambientais em comunidades pesqueiras, seguido por uma Feira dos Territórios, que trouxe cultura e integração entre os participantes.
Ocorreu também a participação de delegações internacionais, com representantes de mais de 40 países que participaram da 8ª Assembleia do Fórum Mundial de Povos Pescadores (WFFP), realizada em Brasília. Essa troca global fortaleceu a conexão entre as lutas locais e internacionais, ampliando o alcance das reivindicações por justiça climática, soberania alimentar e direitos territoriais. A participação dos povos das águas de diferentes partes do mundo trouxe diversidade ao debate e reforçou a importância da solidariedade internacional na defesa das comunidades pesqueiras e do meio ambiente.
Racismo ambiental e ameaças constantes
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Foto: Comunicação MPP |
“Esse espaço é simbólico de luta, que traz a memória do quilombo de Palmares e da resistência liderada por João Cândido, o Almirante Negro. Esses dados reforçam o que já ouvimos das comunidades: o racismo ambiental e as ameaças constantes ao território pesqueiro, causadas pelo capitalismo e pelos grandes empreendimentos”, afirmou Andrea. Ela destacou que as ameaças colocam em risco não apenas as comunidades pesqueiras, mas também os ecossistemas protegidos por esses povos.
Sublinhou que o relatório vai além da denúncia, registrando as experiências de resistência das comunidades. “Assim como Palmares e a Revolta da Chibata, os pescadores e pescadoras reafirmam sua posição como guardiões e guardiãs dos territórios pesqueiros, patrimônio de todos nós, da sociedade brasileira. Esses dados são preocupantes, mas ao mesmo tempo reforçam a importância da luta coletiva e da resistência histórica das comunidades pesqueiras”, concluiu, ressaltando o papel fundamental desses povos na proteção do meio ambiente e na garantia de direitos para as futuras gerações.
O Relatório de Conflitos Socioambientais Pesqueiros será oficialmente lançado em 2025, abrangendo todo o território nacional e destacando as realidades específicas de cada região.
Estratégia de invisibilização
Foto: Ademas da Costa |
Viviane ressaltou ainda a importância do Grito da Pesca Artesanal como um espaço para trazer visibilidade às lutas e impactos vividos pelas comunidades pesqueiras. “Estarmos aqui, enquanto pescadores do Rio Grande do Sul, é fundamental para mostrar o que aconteceu e continua acontecendo no nosso estado. Esse espaço de fala e escuta é importante porque, na realidade, todos nós, do Brasil inteiro, estamos sendo impactados. A luta continua, e não vamos permitir que o capitalismo avance sobre nossos territórios. Vamos lutar até o fim para defender nossa Lagoa dos Patos”, concluiu.
Barco de conflitos, mas também de conquistas
Foto: Ademas da Costa |
A integrante da coordenação do MPP-Brasil, Ana Ilda, celebrou o sucesso da abertura do evento, destacando os desafios enfrentados para a realização da mobilização. “Foi uma abertura esplêndida, onde conseguimos apresentar o caderno de conflitos com dados alarmantes e ouvir as falas impactantes dos pescadores e pescadoras que trouxeram a realidade de suas comunidades. Essas falas nos fazem refletir e nos dão ainda mais força para continuar esse Grito. A nossa luta não é só por nós, mas por todos os pescadores de todas as regiões e até de outros continentes”, afirmou, destacando a conexão com a 8ª Assembleia do Fórum Mundial dos Povos Pescadores.
Ana Ilda também destacou o caráter histórico deste Grito, que reúne mais de 800 participantes de todo o Brasil. “Hoje é um momento histórico, porque encerramos a Assembleia Mundial e iniciamos o 13º Grito da Pesca. Estamos todos juntos nesse grande barco, um barco de conflitos, mas também de conquistas”, declarou. Para Ana, o evento reforça a união e a resistência dos pescadores e pescadoras na defesa de seus direitos e territórios.
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Foto: Comunicação MPP |
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