Dia de Luta em Defesa da Ilhota Coroa Branca - Acupe , 22 de Agosto de 2013 - Grande Caminhada do Ginásio CEMAC até o Porto de Baixo - Acupe
Nós, militantes do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais - Comunidade Remanescente de Quilombo de Acupe - manifestamos repúdio ao processo de destruição da Ilhota Coroa Branca localizada no distrito de Acupe – Santo Amaro por parte do empresário Walter Nunes Seijo Filho, que pretende construir empreendimentos turísticos na referida ilhota desconsiderando a legislação ambiental, bem como nosso direito de ter acesso ao nosso território tradicional.
Esta ilhota faz parte do nosso território pesqueiro e quilombola, onde o utilizamos historicamente para a pesca artesanal (coleta de mariscos), refúgio em tempos de tempestade e lazer comunitário. Do ponto de vista ambiental, a ilhota se configura como um importante ecossistema assegurando a reprodução de diversas espécies de peixes, crustáceos, manguezais, moluscos e pássaros.
Já fizemos várias denúncias junto ao MPE e aos órgãos ambientais e até o momento não tivemos uma definitiva solução para o problema. Nossa preocupação aumenta quanto percebemos que esses empresários estão intensificando a destruição da ilhota e impedindo o acesso dos pescadores e marisqueiras. Observamos a presença de vigias e existe a possibilidade de confronto violento entre os pescadores e os prepostos do empresário.
Destacamos que a comunidade em nenhum momento foi consultada em relação ao empreendimento, inclusive não temos informações sobre o projeto que se quer construir na ilhota. A verdade é que não existe licenciamento ambiental e o referido empresário está querendo passar por cima das leis, da justiça e dos direitos da nossa comunidade.
Diante do exposto, solicitamos:
Que os órgãos ambientais embarguem imediatamente a obra ilegal que está em curso em nossa ilhota e apliquem as punições necessárias àqueles que estão praticando crimes ambientais;
Que a Fundação Cultural Palmares entre com uma ação judicial para proteger o patrimônio cultural e ambiental, material e imaterial da nossa comunidade;
Que o INCRA inicie imediatamente a realização do Relatório Técnico de Identificação e Demarcação do Território Quilombola conforme determina o artigo 68 dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias – Constituição Federal de 1988 e o decreto 4887/03 da presidência da república.
Que o Ministério Público Estadual e Federal intervenha para que se cumpra o que determina a legislação ambiental, bem como as leis que asseguram nossos direitos enquanto comunidade remanescente de quilombo;
Acreditamos que a força da justiça prevalecerá para o bem coletivo e a reprodução física e cultural da nossa comunidade para que nossos filhos e netos possam ter acesso livre ao nosso território tradicional.
TERRITÓRIO PESQUEIRO E QUILOMBOLA LIVRE JÁ!
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