Hoje (21/08) completa oito dias da Marcha das Margaridas, maior mobilização conjunta de mulheres
da América Latina, que reuniu mais de 100 mil mulheres numa caminhada de quase 6 km, entre o Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade e o Congresso Nacional, com uma duração de cinco horas, ocupando boa parte do Eixo Monumental, em Brasília. As pescadoras artesanais, apesar de terem estado numa pequena delegação, participaram levando as suas pautas e vendo na Marcha das Margaridas a oportunidade de estarem presentes nas discussões nacionais das Mulheres do Campo, das Florestas e das Águas.
Representantes do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP) e da Articulação Nacional das Pescadoras (ANP) dos estados de Pernambuco, Sergipe, Rio Grande do Norte, além de pescadoras da Bahia pela Confrem (Comissão Nacional para o Fortalecimento das RESEX Marinhas), estiveram presentes e levantaram as suas bandeiras.
Para a pescadora Rita de Cássia da Silva, da ANP do Rio Grande do Norte, a Marcha foi a oportunidade de se fortalecer na luta. “Foi um sonho realizado, além da importância do empoderamento dessas mulheres, que me deixou mais fortalecida. O que achei mais importante foi a união das mulheres”, reflete a pescadora. Rita também elogia os momentos de formação que aconteceram durante a Marcha. “A importância também foram os debates, as oficinas, muito empoderamento das mulheres e da nossa organização”, elogia.
A opinião também é compartilhada pela marisqueira de Sergipe Gilsa Maria Silva. Ela faz parte há cinco anos do Movimento das Marisqueiras de Sergipe e participou pela primeira vez da Marcha das Margaridas. Apesar do cansaço após os vários dias de viagem, a marisqueira vê no evento o fortalecimento da esperança. “Nessa marcha a gente conhece gente de muitos lugares e de muitas cores. Aqui, a gente vê também que não estamos sozinhas”.
Cercas que impedem o acesso aos mangues e doenças causadas pelo contato excessivo com a lama são algumas das preocupações das marisqueiras, por isso a Reforma da Previdência aprovada recentemente pela Câmara dos Deputados preocupa a pescadora e também foi tema de debate nas formações realizadas na Marcha. “Na palestra sobre Previdência Social, ficamos sabendo sobre os nossos direitos, que esse presidente quer tirar”. Gilsa também acredita que o impacto da reforma não atinge apenas as pescadoras, mas todas as classes sociais. “Aqui a gente vê que precisa se juntar, se coligar com todos os movimentos para dar força pra gente, para orientar e para nos apoiar para seguir em frente”, defendeu.
Na avaliação do evento, Rita aponta também a necessidade de uma maior participação das pescadoras artesanais. “Nós pescadoras temos que ocupar esses espaços. Nós, mulheres das águas, temos que nos articular para estar mais presente. Tinha muito mais agricultora que pescadora”, avalia. Para a próxima Marcha, daqui a quatro anos, o objetivo é aumentar a participação. “Poderíamos daqui a quatro anos se articular melhor para levar pelo menos dois ônibus de pescadoras. Temos que ocupar os espaços, sermos mais fortes, organizadas e termos mais estratégia”, conclui.
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