O MPP esteve na quarta-feira (28/09) com o Subprocurador-Geral da República e Coordenador da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão (populações indígenas e comunidades tradicionais) do Ministério Público Federal (MPF), Luciano Maia. Na ocasião os pescadores e pescadoras relataram os vários problemas que têm afligido e impedido essa população tradicional de exercer a profissão.
Há relatos de pescadores no Espírito Santo e na Bahia com barcos e instrumentos de pesca apreendidos por estarem sem o RGP. O acesso a benefícios previdenciários como seguro-defeso ou auxílio-doença também está comprometido, já que é necessário ter o documento para ser beneficiado.
A situação se agrava ainda mais porque desde que o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) foi extinto em 2015 e as suas atribuições foram passadas para o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), vários funcionários foram dispensados. Atualmente apenas 10 pessoas são responsáveis por emitir, para todo o Brasil, as carteiras de RGP.
Os pescadores relataram também a dificuldade de acesso ao seguro-defeso mesmo para pescadores que tem o RGP regularizado. A burocratização para ter acesso ao benefício tem aumentado em vários estados. No estado do Ceará, por exemplo, passaram a exigir o Rol de equipagem, documento que identifica os tripulantes de uma embarcação e que até então não era exigido.
Os problemas decorrentes dos decretos presidenciais 8424 e 8425, que ferem a identidade dos pescadores e pescadoras artesanais, foram apontados pelos trabalhadores da pesca ao Subprocurador, que criticou a postura do governo. “Eles não podem fazer isso, porque de acordo com a convenção 169 da OIT, os povos precisam ser consultados”, argumentou Luciano Maia. O Subprocurador se disse impactado pelo conjunto de informações dos relatos dos pescadores e pescadoras e prometeu colaborar. Como os decretos 8424 e 8425 estão em processo de revisão, o procurador se comprometeu a questionar a falta de participação e consulta aos pescadores e pescadoras.
Outra proposta que saiu da reunião foi a realização de uma audiência pública para discutir os mesmos decretos.
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