Entre os
dias 26 e 28 de junho, cerca de 60 representantes de comunidades quilombolas e
de pescadores artesanais do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia e Ceará, junto
com ativistas antipetroleiros e representantes de grupos impactados pela
indústria petroleira e petroquímica, realizaram um encontro em Vila Velha (ES)
para discutir ações frente aos crescentes impactos da expansão petroleira sobre
territórios tradicionais terrestres e marinhos.
De acordo
com os participantes do evento, a complexificação dos investimentos em
estruturas de grande porte ligados ao Pré-sal, como poços, dutos, portos e
estaleiros – e, no rastro destes, os projetos de mineração, logística, energia,
etc -, tem gerado um acirramento sem precedentes dos conflitos nos territórios
pesqueiros e quilombolas costeiros.
Segundo a
Secretaria de Estado de Economia e Planejamento do Espirito Santo, entre 2013 e
2018 estão previstos aportes de R$ 45,5 bilhões em projetos de extração de
petróleo e gás no Estado, R$ 11,6 bilhões em mineração e R$ 8,9 bilhões em
produção de produtos químicos. Enquanto atividades de atenção à saúde humana
devem receber cerca de R$ 794 milhões no mesmo período. Aliada aos projetos
industriais de papel e celulose, cujos eucaliptais vêm tomando territórios
tradicionais desde a década de 1970, a cadeia produtiva da indústria petroleira
não apenas inviabiliza a permanência das populações em suas atividades, como
traz consigo um rastro de violência (remoções e despejos, estupros, tráfico de
drogas, desestruturação familiar, etc), doenças (câncer, intoxicações,
problemas respiratórios), insegurança alimentar, degradação ambiental e
precarização das relações de trabalho, entre outros, denunciaram quilombolas e
pescadores.
A
situação é similar em todos os estados representados no encontro. “Tudo que a
gente tem, eles querem”, explica a marisqueira e líder quilombola Eliete
Paraguassu, moradora da Ilha de Maré, na Bahia. Segundo ela, os quilombolas da
ilha convivem com problemas diversos causados por sete poços de petróleo
terrestres e sete em seu território pesqueiro, além de sofrer os impactos do
porto de Aratu e do estaleiro Paraguaçu (empreendimento das empreiteiras
Odebrecht e OAS, falido depois da Operação Lava Jato). “Já basta! Não vamos
permitir que essa situação continue piorando indefinidamente”, afirma
Paraguassu.
Diante
deste quadro, os representantes de comunidades e movimentos quilombolas e de
pescadores artesanais reunidos em Vitória lançaram a Campanha Nem um Poço a
Mais!, cujo objetivo é frear a expansão petroleira sobre seus territórios.
“Estamos lançado esta campanha a partir das nossas realidades, vidas e
quereres. É dos nossos territórios, onde vivenciamos toda a violência da cadeia
produtiva petroleira, que se construirá a nossa luta”, afirmam em carta
elaborado ao final do encontro. “Exigimos ser considerados em nossa soberania e
direito de auto determinar nossos futuros”, finaliza o documento.
Leia na
íntegra a Carta do encontro de lançamento da Campanha “Nem um poço a mais!”: clique aqui.
Para
assinar a carta, escreva para nemumpocoamais@gmail.com
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